Passageiros: Queiró defende parceria com Renfe para tráfego ibérico
Encerrado ciclo como administrador do operador incumbente, Manuel Queiró diz aos trabalhadores que deixa a casa arrumada e pronta para o futuro.
Em entrevista ao Expresso adianta, na hora de saída, que não faz comentários políticos mas deixa a receita para a liberalização do sector dos passageiros. Aponta para a necessidade de novo material circulante e defende uma parceria com a Renfe nos tráfegos ibéricos.
Em entrevista ao Expresso publicada este sábado, já depois da entrada em funções da nova administração da empresa pública, o antigo presidente da CP refere que só com comboios novos o operador português pode ambicionar melhorar o serviço em território nacional e chegar a Barcelona, Corunha, Madrid, Salamanca ou Sevilha.
Mas ligar esses pontos às capitais nacionais, além de material novo, deverá acontecer em parceria, e com a CP como “grande operador”. Partida, a empresa será terreno fértil para o combate de grandes operadores europeus, pelas concessões. Caso da DB, SNCF ou até dos vizinhos espanhóis.
O cenário representará o fim de 160 anos de comboios em Portugal, por um lado. Por outro, diz, será deitar fora 4 anos de recuperação da empresa.
Número compilados pelo Expresso apontam para o aumento do rendimento de tráfego em 18% nos últimos 4 anos, para os 242 milhões de euros. 115 milhões de passageiros transportados em 2016, contra os 107 milhões registados em 2013.
Por isso refere que o sentido terá de ser o oposto ao desmembramento, com uma CP forte. Dá como exemplo a não agressão entre os operadores franceses, espanhóis ou alemães, no transporte ferroviário entre esses países.
“Os comboios transfronteiriços, de Barcelona a Marselha e de Madrid a Paris, são geridos por uma empresa mista, feita pelos dois operadores. Têm uma sociedade conjunta, a Renfe – SNCF para fazer comboios transfronteiriços”.
A construção dessa ligação entre os operadores ibéricos tem vindo a ser feita ao nível de “chefias técnicas” das duas empresas, revela ao semanário. Dentro deste processo só fica a faltar a aquisição de novo material circulante, e onde o antigo presidente diz que a empresa deixou trabalho com a Tutela.
Por isso diz: “Se o plano for aprovado ainda este ano, os comboios poderão entrar ao serviço em 2020, exactamente no inicio da liberalização”, explicou ao semanário. Queiró estima que com novo material ao serviço o aumento de passageiros pode chegar 0s 40%.
Entretanto o novo administrador da CP, Carlos Nogueira Gomes – entrou em funções na sexta-feira – já disse que a sua gestão não será de ruptura com a anterior. “Não se mexe no que está bem”, disse ao Público.
O jornal acompanhou no sábado a apresentação do comboio histórico do Vouga. Na ocasião apurou também, junto do secretário de Estado Guilherme W. d’Oliveira Martins, que o novo Conselho de Administração da CP tem pontos estratégicos de actuação definidos.
Nomeadamente a “reestruturação orgânica da empresa, nomeadamente sobre a EMEF”, que poderá traduzir na integração dentre da CP. Em cima da mesa está também a aquisição de comboios novos, mas só depois da proposta actual ser revista.
Integram o novo elenco governativo da CP, para além de Carlos Nogueira Gomes, Sérgio Abrantes Machado e Ana Maria dos Santos Malhó.